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Tipo: Dissertação
Título: Profissionais da Atenção Primária à Saúde no contexto da pandemia de COVID-19: saúde mental, qualidade de vida, estratégias de enfretamento (coping), valores básicos de vida, e percepções e práticas quanto às medidas preventivas contra a COVID-19
Autor(es): Pereira, Marcus Moreira
Primeiro Orientador: Amorim, Fabio Ferreira
metadata.dc.contributor.referee1: Gottems, Leila Bernarda Donato
metadata.dc.contributor.referee2: Facioli, Adriano Machado
Resumo: Introdução: Em situações de pandemia, um dos principais desafios é evitar a saturação do sistema de saúde. Nesse aspecto, a atuação efetiva da Atenção Primária à Saúde (APS) seria fundamental para o êxito das ações na rede de atenção à saúde. Porém, no cenário brasileiro, foi observada uma maior ênfase na organização da rede de atenção terciária, sendo ainda muitas UBS destinadas ao atendimento exclusivo de síndromes gripais ou tiveram o perfil alterado para unidades de pronto atendimento ou centros de internação, assim como muitos profissionais da APS foram deslocados para polos de atendimentos a pessoas com COVID-19. Dessa forma, a situação da pandemia associada à mudança na rotina profissional do profissional de saúde da APS pode ter impactado diretamente em sua saúde mental. Objetivo: Avaliar a saúde mental de profissionais de saúde da APS no contexto da pandemia pela COVID-19, assim como a associação entre as alterações na saúde mental e a qualidade de vida, qualidade do sono, coping e seus valores humanos. Metodologia: Estudo transversal por meio de questionário eletrônico aplicado à profissionais de saúde da APS do Recanto das Emas, Distrito Federal, entre novembro/2020 a outubro/2021. Os seguintes instrumentos foram aplicados: questionário sociodemográfico e de aspectos individuais relacionados a pandemia pela COVID-19, Inventário de Auto-avaliação do Comportamento para Adultos (ASR), Questionário de Valores Básicos (QVB), Escala Breve de Coping (BRIEF-COPE), Avaliação de Qualidade de Vida da Organização Mundial de Saúde - versão curta (WHO-QoL-BREEF) e Escala de Sono de Jenkins. Resultados: Foram incluídos 105 profissionais: 13 médicos (12,4%), 18 enfermeiros (17,1%), 7 dentistas (6,7%), 12 outros profissionais de nível superior (11,4%), 20 técnicos de enfermagem (19,0%), 6 Outros profissionais assistências de nível técnico (5,7%), 22 agentes comunitários de saúde (21,0%), e 7 técnicos administrativos (6,7%). Desses, 64 achavam que a pandemia de COVID-19 estava afetando sua saúde mental (61,0%), 43 já tinham apresentado COVID-19 (41,0%), 74 referiam medo de ter COVID-19 (70,5%) e 100 de transmiti-la para um familiar ou amigo próximo. Valores acima do normal na escala de sintomas depressivos do ASR foram observados em 50 profissionais (47,6%) e nas escalas de sintomas depressivos ou somáticos em 14, de personalidade afetiva em 15 (9,3%), sendo que 55 profissionais apresentaram alteração em pelo menos uma das escalas de sintomas de transtornos mentais (52,4%). Oitenta e cinco profissionais apresentavam distúrbio do sono (81,0%). Menos de um quinto dos profissionais de saúde (n= 19, 18,1%) tiveram a qualidade de vida classificada como boa e nenhum como muito boa. O conjunto de coping focado na “Solução de Problemas” foi a estratégia preponderante (mediana: 75,0, IQ25-75%; 62,5-87,5) e as estratégias focadas no “Evitamento” a menos pontuada (mediana: 45,0, IQ25-75%: 40,0-52,5). Profissionais do sexo feminino (83,3% versus 60,0%, p = 0,009) e que relataram ter medo de transmitir COVID-19 para um familiar próximo (100,0% versus 90,9%, p = 0,029) tiveram maior incidência de valores alterados nos sintomas de ansiedade. A análise multivariada mostrou que “Autoculpabilização” (OR: 22,757; IC 95%: 1,410-367,254, p = 0,028) e a Escala de Sono de Jenkins (OR: 1,137; IC 95%: 1,014-1,275, p = 0,028) estiverem associados de forma independente a maior ocorrência de alteração desses sintomas. Já quanto aos sintomas depressão ou somáticos, profissionais de nível técnico que atuavam na assistência, que não fossem técnicos de enfermagem, apresentaram maior incidência de alterações (21,4% versus 4,4%, p = 0,017) e profissionais com nível superior de escolaridade uma incidência menor (57,1% versus 81,9%, p = 0,037). A análise multivariada mostrou que “Autoculpabilização” (OR: 1,529; IC95%: 1,062-2,203, p = 0,022) esteve associada de forma independente a maior ocorrência de alteração desses sintomas, enquanto a melhora na qualidade de vida a redução (OR: 0,939; IC95%: 0,888-0,994, p = 0,030). Conclusão: Foi observado um grau de sofrimento psicológico e de sintomas de transtornos mentais elevado nos profissionais que atuam na APS durante a pandemia de COVID-19, com mais da metade dos profissionais apresentando sintomas de transtornos mentais, sendo os sintomas da ansiedade os mais comuns. A minoria dos profissionais teve a qualidade de vida classificada como boa e nenhum como muito boa, além de apresentar alta prevalência de distúrbios do sono. Profissionais que adotaram estratégias de enfrentamento ao estresse relacionadas ao evitamento ou ao suporte social foram os mais propensos a apresentar comprometimento da saúde mental, especialmente quando essas estratégias estavam relacionadas a culparem a si próprios pela situação vivenciada.
Abstract: Introduction: In pandemic situations, one of the main challenges is avoiding the health system's saturation. In this aspect, the effective performance of Primary Health Care (PHC) would be essential for the success of actions in the health care network. However, in the Brazilian scenario, there was a greater emphasis on the organization of the tertiary care network, with many primary health care units still dedicated to the exclusive care of flu-like illnesses or had their profile changed to emergency care units or inpatient centers, as well as many professionals from the APS were transferred to care centers for people with COVID-19. Thus, the pandemic situation associated with the change in the professional routine of the PHC health professionals may have had a direct impact on their mental health. Objective: To assess the mental health of PHC health professionals in the context of the COVID-19 pandemic, as well as the association between changes in mental health and quality of life, sleep quality, coping, and their human values. Methods: Cross-sectional study using an electronic questionnaire applied to health professionals from the PHC of Recanto das Emas, Distrito Federal, between November/2020 and October/2021. The following instruments were applied: sociodemographic and individual aspects questionnaire related to the pandemic by COVID-19, Self-Assessment of Behavior Inventory for Adults (ASR), Basic Values Questionnaire (QVB), Brief Coping Scale (BRIEF-COPE), World Health Organization Quality of Life Assessment - short version (WHO-QoL-BREEF) and Jenkins Sleep Scale. Results: 105 professionals were included: 13 doctors (12.4%), 18 nurses (17.1%), 7 dentists (6.7%), 12 other higher education professionals (11.4%), 20 technicians. nursing (19.0%), six other technical assistance professionals (5.7%), 22 community health agents (21.0%), and seven administrative technicians (6.7%). Of these, 64 thought that the COVID-19 pandemic was affecting their mental health (61.0%), 43 had already presented COVID-19 (41.0%), 74 reported fear of having COVID-19 (70.5%), and 100 of passing it on to a family member or close friend. Values above normal in the depressive symptoms scale of the ASR were observed in 50 professionals (47.6%) and the depressive or somatic symptoms scales in 14 of affective personality in 15 (9.3%), with 55 professionals showing alterations in at least one of the scales of symptoms of mental disorders (52.4%). Eighty-five professionals had sleep disorders (81.0%). Less than a fifth of health professionals (n=19, 18.1%) classified their quality of life as good and none as very good. The coping set focused on "Problem Solving" was the preponderant strategy (median: 75.0, IQ25-75%; 62.5-87.5) and strategies focused on "Avoidance" the lowest scored (median: 45, 0, IQ25-75%: 40.0-52.5). Female professionals (83.3% versus 60.0%, p = 0.009) and professionals that reported being afraid of transmitting COVID-19 to a close family member (100.0% versus 90.9%, p = 0.029) had the highest incidence of altered values in anxiety symptoms. The multivariate analysis showed that "Self-blame" (OR: 22.757; 95% CI: 1.410-367.254, p = 0.028) and the Jenkins Sleep Scale (OR: 1.137; 95% CI: 1.014-1.275, p = 0.028) are independently associated with an increased occurrence of a change in these symptoms. For depression or somatic symptoms, technical-level professionals who worked direct health care assistance and were not nursing technicians had a higher incidence of changes (21.4% versus 4.4%, p = 0.017). On the contrary, professionals with a higher education level showed reduced depression or somatic symptoms (57.1% versus 81.9%, p = 0.037). The multivariate analysis showed that "Self-blame" (OR: 1.529; 95%CI: 1.062-2.203, p = 0.022) was independently associated with an increased occurrence of the change in these symptoms, while the improvement in quality of life was associated with a reduction (OR: 0.939; 95%CI: 0.888-0.994, p = 0.030). Conclusion: A high degree of psychological distress and symptoms of mental disorders was observed in professionals working in PHC during the COVID-19 pandemic, with more than half of the professionals presenting symptoms of mental disorders, with anxiety symptoms being the most common. A minority of professionals had their quality of life classified as good and none as very good, in addition to presenting a high prevalence of sleep disorders. Professionals who adopted stress coping strategies related to avoidance or social support were the most likely to have impaired mental health, especially when these strategies were related to blaming themselves for the situation they experienced.
Palavras-chave: Coronavirus
COVID-19
Saúde da família
Atenção primária à saúde
Saúde mental
CNPq: CNPQ::CIENCIAS DA SAUDE
Idioma: por
País: Brasil
Editor: Escola Superior de Ciências da Saúde
Sigla da Instituição: ESCS
Departamento: Coordenação do Curso de Pós-graduação e Extensão
metadata.dc.publisher.program: Programa de Mestrado Profissional em Saúde da Família e Comunidade – PROFSAÚDE
Citação: PEREIRA, Marcus Moreira. Profissionais da atenção primária à saúde no contexto da pandemia de COVID-19: saúde mental, qualidade de vida, estratégias de enfretamento (coping), valores básicos de vida, e percepções e práticas quanto às medidas preventivas contra a COVID-19. 2021. 104 p. Dissertação (Mestrado - (Mestrado - Programa de Mestrado Profissional em Saúde da Família e Comunidade – PROFSAÚDE), Escola Superior em Ciências da Saúde - ESCS, Brasília, 2021.
Tipo de Acesso: Acesso Restrito
URI: https://repositorio.fepecs.edu.br:8443/handle/123456789/740
Data do documento: 30-Nov-2021
Aparece nas coleções:Trabalhos de Conclusão de Curso

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